terça-feira, 8 de setembro de 2009

Adoção por homossexuais.

Será mais importante evitar que uma criança possa vir a sofrer preconceitos ou lhe garantir uma família que a ame e esteja disposta a olhar por ela?

Eu e meu marido adotamos um menino de 10 anos, que fará 15 agora em Dezembro. Olhando pra ele, posso ver o quanto nós fomos e somos importantes na sua vida. Não somos exemplos de pais. Aliás, damos péssimos exemplos as vezes. Tenho 31 anos, meu marido 26 e embora casados a 07 anos, levamos uma vida de jovens. Nossa casa muitas vezes é uma bagunça, cheia de gente, bebidas alcólicas por todos os lados, e tantas outras coisas que não seriam aceitas pelas convenções sociais. Mas o que vejo??

Vejo um menino que morava em um lar/orfanato, sem alguém que lhe desse um beijo de boa noite. Um menino que ficou 02 dias de castigo porque comeu 01 bolinho de arroz a mais do que lhe era permitido. Um menino que até hoje me pergunta coisas ridiculamente simples como: "o que é palmito?". Meu filho (Marcelo - era Marcelu, mas tivemos a oportunidade de corrigir quando o adotamos) adora ir ao supermercado, pelo simples prazer de ver as coisas na prateleira e se deslumbrar com tudo que nunca tinha visto. Tem um prazer que chega a ser engraçado em ver a família reunida em ocasiões de aniversários, formaturas ou coisas do tipo. Adora falar palavras como: vó, tia, tio. Quando encontra-se com a minha mãe, a chama tantas vezes de vó que chega a ser cansativo.

O que vejo hoje é um menino feliz. Não porque tem um pai homem e uma mãe mulher, mas porque tem quem olhe por ele.

Um comentário:

  1. Excelente relato Drica. São raros seres humanos com tal sensibilidade que, de algum modo, são aptos a perceber *o que REALMENTE importa* no meio dos desejos egoístas das convenções sociais. O que realmente importa é ser amado e essa tarefa pode ser exercida por qualquer grupo de seres humanos em torno de uma criança, mesmo que a sociedade seja nefasta e brutal. Porque uma criança que sabe que é amada, que sabe o que é amor, vai certamente sofrer com preconceito, mas nunca irá sucumbir só por causa do preconceito social. Ela se torna mais conectada com a realidade, mesmo sofrendo no meio da sociedade, se tiver pais que estejam por ela a todo momento.

    É raro essa visão humana. É raro ainda, partindo de uma mulher, pois minha impressão é de que a mulher ainda é mais susceptível a seguir um padrão de se submeter a regras e crenças. Desde pequenas, muito se exige do comportamento delas, mais do que qualquer menino. Mais do que nunca vivem numa encruzilhada sensível para o desenvolvimento delas por causa da estrutura social patriarcal. Muitas, no meio de tal embate, acham que para se livrar de tal estrutura precisam, talvez, copiar atitudes machistas (tal como a maioria das mulheres hoje, acha que para ser livre precisa ser promíscua e puta). Estão apenas imitando o comportamento que lhe foi aplicado durante séculos. Então você é rara Drica, como mulher e ser humano. Tão criando ele com muito mais amor do que qualquer outro casal :)

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